As três vidas do Capital Inicial - Capital Inicial Na Capa da BillBoard

As três vidas do Capital Inicial
O Capital Inicial passa o dia rodeado por Pinga e Uísque. Em plena tarde de quinta-feira, enquanto o sol castiga o jardim da sua casa em São Paulo, o vocalista Dinho Ouro Preto abraça a dupla da mesma forma que abraçou as drogas há 20 anos.

Ele ainda planeja levar Gim, Martini e Catuaba para o jardim. Enquanto Pinga, a cachorrinha hiperativa, late para Uísque, o cão tranquilo e cansado, Dinho procura uma cadeira na sombra e planeja o batismo dos futuros filhotes, todos com nome de bebida. 
É assim que ele aproveita os poucos momentos de descanso antes de embarcar na próxima turnê. São mais de 70 shows marcados para o primeiro semestre de 2011. Dinho, os irmãos Flávio e Fê Lemos e Yves Passarell levam na bagagem o disco que finalmente reproduz no estúdio o som da banda ao vivo: Das Kapital, de 2010. Drogas, insegurança e os outros monstros do passado estão domesticados. Depois de quase 30 anos de carreira o Capital Inicial tem nas mãos a coleira do seu próprio trabalho.
O baixista Flávio Lemos, o mais calado do grupo, quebra o silêncio para explicar a diferença entre o Capital Inicial hoje e nos anos 80: “A gente gastou três anos pra compor as músicas do primeiro disco [Capital Inicial, de 1986, com clássicos como ‘Fátima’, ‘Veraneio Vascaína’, ‘Música Urbana’ e ‘Leve Desespero’]. Então, fomos pra estrada. O disco fez sucesso e a gente foi tocando. De repente, precisávamos gravar um segundo álbum e tínhamos um mês pra compor as músicas. Alguém tinha que ter falado não”. Mas eles disseram sim para tudo: sexo, festas, drogas, o que viesse. Depois de mergulharem e abandonarem os excessos, eles falam com clareza sobre a volta que deram no lado escuro.
Seu irmão, o baterista Fê, não demora a localizar a origem das dificuldades: a vida na estrada. “Você muda o seu horário de dormir, muda a sua alimentação, bebe mais. Ao voltar pra casa, tem que retomar uma rotina. Tem que administrar esses dois lados. Nos anos 80, a gente não administrava nada. A loucura comia solta e você não sabia como parar”, conta.

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