Muse quer voltar ao Brasil como atração principal em estádios


O U2 não trouxe um time da segunda divisão para abrir seus espetáculos no Morumbi. O Muse está acostumado a tocar em grandes estádios na Europa. A banda inglesa é uma das poucas da última década que compartilha a ambição do U2 por megaespetáculos - eles têm planos de tocar até no espaço. O trio veio ao Brasil pela segunda vez pensando em tornar-se ainda mais conhecido para "voltar tocando em estádios sozinhos". Foi o que disse o baixista Chris Wolstenholme em entrevista à Billboard Brasil. Enquanto o vocalista Matt Bellamy passeava em Sâo Paulo com a atriz Kate Hudson, sua namorada, Chris falou sobre o contato deles com o U2 e sobre a vida praiana de gringo no Brasil - e caneladas na Argentina. Ele ainda comentou sobre o show para comemorar os 10 anos do disco Origin of Simmetry, as supostas declarações contrárias a Crepúsculo e um próximo álbum "mais intimista".


Como vocês escolhem o repertório para estes shows de abertura do U2?
Tocamos duas horas nos nossos shows próprios, então é difícil tocar por 45 minutos. Tentamos escolher oito canções que representem a banda. Nestes shows com o U2 muita gente não sabe quem somos, então temos que ser representativos de toda a carreira. Ensaiamos 16 canções e vamos alternando toda noite. Mas não sei o que vamos tocar na quarta ainda, geralmente escolhemos algumas horas antes do show. É normal, mesmo nos nossos próprios shows é assim. 


Como aconteceu o convite para estes shows?

O U2 nos convidou para tocar nos EUA em 2009. Foram os primeiros shows que fizemos quando The Resistance (2009) saiu. O que foi legal, porque não tocávamos há um ano. E foi bom voltar sendo a banda de apoio, não precisávamos tocar sets longos e fomos a muitos lugares onde não éramos tão conhecidos. Eles sabiam que não íamos fazer turnê agora, então nos convidaram pra voltar a tocar na América do Sul - onde ainda não tinhamos passado com este álbum ainda. Fez muito sentido, porque abrindo para o U2 nós aparecemos para muitas pessoas que não nos conhecem, então da próxima vez talvez possamos voltar tocando em estádios sozinhos. 


No sábado Bono comparou vocês a Jimi Hendrix, o que achou?

Jimi Hendrix é um Deus da guitarra, uma grande influência para Matt [Bellamy, vocalista e guitarrista], o jeito que ele toca a guitarra. Eu acho que aquela habilidade natural de fazer a guitarra ganhar vida é uma coisa muito inspiradora.





O que você lembra da primeira vez que veio ao Brasil, em 2008?

Não passamos muito tempo aqui [em São Paulo]. Passamos mais tempo no Rio - basicamente ficamos na praia por uma semana (risos). Fiquei impressionado com o tanto de pessoas jogando futebol na praia. 


E você jogou também?

Não... Desta vez nós tínhamos até combinado um jogo aqui em São Paulo, mas acho que vamos para a praia por dois dias, então não vai dar. E também estou com a perna machucada. Joguei na Argentina outro dia, alguém me deu um chute na perna e ainda dói, tenho que descansar por um dias. 


Você não devia ter jogado lá...

É, além disso eles adoram colocar a mão na bola, estilo Maradona (risos)


Como foi tocar no festival de Glastonbury [na Inglaterra] com o The Edge no ano passado?

Desde o começo queríamos ter um convidado especial neste nosso show. Tínhamos uma lista de pessoas. Chegamos a falar com o Elton John, mas ele tinha um compromisso na noite. Falamos com várias pessoas, nada dava certo. Quando o Bono machucou as costas e tiveram que cancelar o show deles no Glastonbury, tivemos a ideia de chamar o The Edge e achamos que poderia ser legal, pois muita gente estava esperando vê-los no festival. A segunda coisa mais legal pra eles seria ver The Edge tocando para a gente. Tocamos U2 para um monte de gente que queria ver U2. E tocar com ele... O cara é uma lenda. É um dos poucos guitarristas do mundo que você pode ouvir e saber quem é. 



Como vocês já tocaram juntos, não pensaram em fazer isso de novo nos shows daqui?

Acho que esse tipo de coisa é melhor quando acontece só uma vez. É fácil exagerar em uma coisa boa. O que tornou especial foi o fato de ser provavelmente a única vez. Fez sentido porque havia pessoas lá que queriam ver o U2 mas não podiam. Não acho que os fãs queiram ver The Edge tocando com a gente aqui, preferem ver o U2.


Vocês vão se mudar para gravar o próximo disco?

Sim, nós todos vamos morar em Londres depois desta turnê. Por muitos anos, nós moramos em lugares diferentes [Chris estava vivendo em Dublin, na Irlanda], então tínhamos que ir a um outro lugar para fazer um disco juntos. Nunca fizemos um disco em que pudemos ir para o estúdio, trabalhar durante o dia e depois voltar para casa, ver nossas famílias. Vai ser interessante descobrir como isso acontece. 


Matt disse que o próximo disco deve ser mais pessoal, mais intimista. 

Possivelmente. Eu acho que é uma coisa que vale a pena explorar. Os dois últimos discos foram muito grandiosos. Mas há músicas que fizemos como "Soldier´s Poem" [de Black Holes and Revelations, de 2006], que têm este sentimento mais íntimo. Acho que é uma coisa que podemos explorar mais e ver como funciona.


Ele também disse que "não conseguia ver o Muse maior do que está". Mas vendo shows como estes do U2, com 30 anos de carreira, vocês pensam em seguir este caminho?

Não sei. É difícil prever o futuro, nós sempre pensamos as coisas um álbum por vez. Às vezes é perigoso ter estas visões de longo prazo. Eu acho que a banda já foi mais longe do que todo mundo esperava. No fim das contas, já vivemos coisas que pouca gente viveu. Se tudo terminasse agora, já teríamos as lembranças viver algo inacreditável. É legal pensar que você vai prosseguir por muitos e muitos álbuns, mas nunca se sabe. 


E os shows no [festival inglês de] Reading and Leeds, em agosto, porque decidiram que vão fazer ao vivo o Origin of Symmetry?

Nós decidimos tocar em Reading and Leeds para fazer pelo menos um show na Inglaterra neste ano, o único. Nós pensamos que, em vez da escolha óbvia de tocar o show da Resistance Tour, nós poderíamos aproveitar os dez anos de lançamento do Origin of Symmetry. Este disco foi muito significante para a banda. Eu sinto que foi o primeiro de verdade que fizemos. E foi o disco que nos impulsionou como banda ao vivo. Músicas como "Plug In Baby", "New Born" e "Bliss" nos criaram como a banda ao vivo que somos hoje. E o Reading Festival é o festival ideal para fazer isso. Porque Origin of Symmetry é um disco muito rock e o festival é muito rock. E também é o festival que frequentávamos quando crianças. É onde as bandas americanas que amávamos tocavam. Juntar todas as coisas faz sentido. Há músicas nesse disco que não tocamos desde a turnê dele. Faixas como "Screenager", "Hyper Music", "Darkshines", não tocamos há muito tempo e provavelmente nunca mais tocaremos de novo. Pode ser uma boa oportunidade para as pessoas verem pela última vez. 


Vocês ainda têm planos de tocar no espaço?  [No início deste ano eles tiveram conversas sérias com a Virgin Galactic, braço empresa inglesa que pretende lançar viagens turísticas ao espaço]

Claro que eu adoraria tocar no espaço, ou apenas ir para o espaço. Só não sei como a gravidade funcionaria para tocar, eu ficaria meio desajeitado (risos). O Matt tinha conversado mesmo sobre isso, mas eu não sei como está, vamos ver... 


E sobre a relação da banda com Crepúsculo? Você ainda acha que participar da trilha de Eclipse com "Neutron Star Collision" foi "vender a alma", como jornais ingleses anunciaram na época?

Isso é besteira, lixo. Alguém pegou o que eu disse e transformou em outra coisa. Não tenho problemas com Crepúsculo, foi uma coisa ótima para a banda. Particularmente nos EUA, ajudou a mostrar a banda para novas pessoas. Eu não tenho nenhum problema com isso. Mas alguém fez uma entrevista comigo, eu fiz uma piada e ele a transformou em outra coisa. Foi chato, porque conhecemos [a autora dos livros e fã de Muse] Stephenie Meyer  há muito tempo. Foi um jornalista safado que me fez parecer um idiota (risos).

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