No papel, a escalação da 12ª edição do Coachella Music & Arts Festival prometia muito. Na prática, depois de 180 shows em três dias no evento encerrado domingo, o resultado foi ainda melhor.
O festival teve em cada noite a presença de uma das três bandas de rock mais importantes surgidas neste século: Kings of Leon, Arcade Fire e Strokes. Com características diferentes, foram três momentos consagradores.
Na sexta, o Kings of Leon fez um show emocionante. Os três irmãos e um primo que formam o grupo, além da pinta de galãs, sabem como criar uma apresentação densa, envolvente.
Na abertura, temas mais leves, tranquilos. Depois, o clima vai ficando mais carregado, com a banda tocando seus sucessos que têm uma aura vintage, é som dos anos 1970 reprocessado para a molecada, que se esbaldou.
No fim, centenas de balões coloridos e luminosos despencando do alto da estrutura do palco, para a plateia brincar e levar embora.
No último dia do festival, os nova-iorquinos do Strokes tocaram antes do rapper Kanye West e o vocalista Julian Casablancas não escondeu a irritação de não ser a banda a fechar o festival.
Casablancas zombou de West em seus comentários entre as músicas ("Ah, o grande Kanye West, né?") e sobrou até farpas para o Duran Duran, que tinha tocado antes. "Quem? Duran Duran? Vocês estão brincando!"
Foi o show de estilo curto e grosso que já consagrou o Strokes. Poucas canções do último álbum e muito material antigo, para delírio do público. Fechou com músicas de 2001, "Last Nite" e "Take It or Leave It".
Kanye West fez um show correto, sem a produção de dança e efeitos visuais de suas apresentações regulares. Ainda é um pouco alienígena nesse tipo de evento, de tradição roqueira.
PRODÍGIOS
Entre as revelações, os garotos da banda nova-iorquina The Pains of Being Pure at Heart misturaram sensibilidade e fúria, como uma espécie de Belle & Sebastian com testosterona.
O duo de electrofunk canadense Chromeo foi a surpresa dançante, reunindo mais público que muitos veteranos. O mesmo pode ser dito de The Drums, Cage the Elephant e Foster the People.
Os brasileiros Emicida e DJ Marky se apresentaram no espaço "micado", o Oasis Dome, para poucas testemunhas. The Twelves pegou horário ingrato, à tarde, mas muita gente foi conferir.
Porém, a participação brasileira teve um momento épico com o Cansei de Ser Sexy.
O CSS fez um dos melhores shows. A banda toca cada vez melhor, as músicas novas são bacanas e a vocalista Lovefoxxx domina o show.
A resposta do público, que superlotou o palco, foi impressionante. Mesmo sendo à tarde, reuniu mais gente que o Suede, que tocou no mesmo espaço à noite. Uma apresentação para confirmar que o CSS vai muito bem, obrigado.
Entre a confirmação de grandes nomes, a acolhida a veteranos e muitas apostas novas, o Coachella encerrou provando ser muito mais do que um festival no meio do deserto com milhares de garotas de biquíni. É isso, sim, mas tem muito mais.
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